Benefícios e dificuldades no plantio de árvores na cidade de São Paulo
Arborização é o ato de inserção de Árvores, Palmeiras e ou Arbustos onde não há um ambiente natural de referenciamento, em outras palavras, plantar em ambientes urbanos, como resultado, temos praças, parques e calçadas arborizadas.
Apesar do conceito simples, existem muitas singularidades no processo, a regra varia de município para município.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, qualquer pessoa pode arborizar, porém a normativa é complexa e detalhada, e vai desde o levantamento das redes subterrâneas (ninguém quer quebrar um duto de gás plantando uma árvore na calçada), até a escolha das espécies, considerando o seu desenvolvimento e forma na fase adulta (uma árvore que cresça muito, plantada embaixo de uma fiação de alta tensão, pode se tornar um problema).
Mesmo detalhado e complexo, existem muitos benefícios na arborização, que vão muito além da estética, aqui vamos trazer algumas peculiaridades que devem ser levadas em consideração na hora de fazer o plantio, especialmente de árvores em calçadas.
Porque Arborizar?
A relação do ser humano com o ambiente natural está intrinsicamente conectada desde a pré-história, sendo a natureza a fonte de abrigo e alimento. Hoje as grandes cidades nos afastam dessa conexão, porém, inconscientemente ainda temos a necessidade de reestabelecer o convívio.
Muitos são os benefícios percebidos pelos quais devemos arborizar, dentre eles estão:
Redução da poluição, através de partículas retidas nas folhas;
Manutenção da estabilidade microclimática;
Conforto térmico, através do aumento da umidade relativa do ar e do sombreamento;
Aumento da permeabilidade do solo;
Formação de barreiras visuais e sonoras;
Embelezamento das cidades;
Armazenamento de carbono;
Bem estar psicológico, através das cores e diversas formas que as árvores tem;
Abrigo à fauna urbana;
O Padrão DEPAVE vigente na cidade de São Paulo consiste nas especificações que devemos seguir para que a arborização seja bem sucedida, e serve como um checklist na hora do plantio, sendo referência em demais municípios.
São especificados:
Largura mínima do passeio de 1,90m;
Distância de 0,10 cm da cova em relação a guia;
Berço para plantio com tamanho mínimo de 0,60 x 0,60 m.
Espécies nativas;
Padrão mínimo da muda 2,5m de altura sendo 1,8m da base do caule à primeira bifurcação;
DAP (Diâmetro à altura do peito) de no mínimo 3cm;
Todas deverão ter tutor, podendo ser de Pinho, eucalipto ou bambu, ambos tratados, nas seguintes dimensões: 2,50 x 0,04 x 0,04m.
No que devemos nos atentar na hora de fazer o plantio?
Largura da calçada: é recomendado que se tenha pelo menos 1,20 metros de passagem livre na calçada após o plantio;
Rede elétrica aérea: como premissa é necessário saber se a rede é isolada ou não isolada, essa informação geralmente é obtida com a concessionária responsável, e é de extrema relevância para saber se a presença da árvore não irá interferir no pleno funcionamento dos serviços de distribuição de energia, e em possíveis casos de poda;
Imóveis: é necessário atentar-se a arquitetura do imóvel e da copa da árvore que será utilizada, visando não causar nenhum transtorno, como por exemplo obstruir a visão de uma janela;
Elementos e mobiliário urbano nas calçadas: Esquinas, postes, placas de sinalização, bancas, hidrantes, caixas de inspeção, guias rebaixadas, transformadores e outras espécies arbóreas, todos estes itens citados devem ser observados no planejamento da arborização.
Viário: atentar-se a presença de corredores exclusivos de ônibus, alta rotatividade de carros e caminhões devem ser correlacionados com a arquitetura da copa do indivíduo arbóreo.
Quais espécies podem ser utilizadas?
A escolha das espécies e do porte na fase adulta deve ser analisada caso a caso, a depender do local de plantio. A utilização de espécies nativas é positiva, uma vez que a adaptação e os serviços ecossistêmicos tendem a ser melhores, por exemplo, servindo de alimento para a avifauna e conectando as áreas verdes por meio de corredor ecológico.
Algumas espécies são sugeridas no Manual de Arborização Urbana, segue abaixo algumas espécies categorizadas por porte:
Pequeno porte: Pata de Vaca, Unha de Vaca, Resedá, Guaçatonga, Cereja do Rio Grande, Carobinha, Araçá, Carobinha, etc;
Médio porte: Ipê amarelo, Oiti, Sabão de soldado, Ipê Branco, Quaresmeira, Uvaia, Pitanga, Açoita cavalo, Aroeira Vermelha, etc;
Grande Porte: Pau Ferro, Ipê roxo de bola, Ipê roxo 7 folhas, Alecrim de Campinas, Mirandiba, Jacarandá mimoso, Canafistula, Pau viola, Pau mulato, Cedro rosa, etc.
Manutenção, o que deve ser feito?
A manutenção é de responsabilidade do município e deve ser avaliada por um profissional qualificado da iniciativa pública ou privada (Biólogo, Engenheiro Agrônomo ou Florestal), que deve elaborar o laudo justificando o manejo.
O munícipe pode fazer a denúncia da eminencia de algum risco percebido (Queda, planta doente, partes ocas, etc.), ou solicitar o laudo para um profissional, no entanto, a execução de qualquer tipo de manejo a ser feito por empresa privada dependerá da autorização do serviço pela prefeitura.
Alguns procedimentos podem ser destacados, como:
Avaliação: Deve ser feito uma análise periódica por um profissional capacitado, a fim de identificar possíveis problemas de saúde no indivíduo arbóreo, brotações próximas ao solo, rachaduras na casca, espaços ocos, cones vegetativos mal desenvolvidos em palmeiras, e indivíduos senescentes devem ter uma maior atenção, a fim de prever e evitar possíveis quedas.
Irrigação: É recomendado rega periódica pelo menos nos 2 primeiros anos após o plantio e principalmente em estações secas (Outono e Inverno), assim como manter o coroamento em forma de bacia para maior capitação de água.
Podas: as podas serão necessárias ao longo da vida do indivíduo podendo ser, de formação, condutiva, de limpeza, de correção, adequação, levantamento e de emergência.
Remoção de espécies indesejadas: é necessário a remoção de parasitas, como a erva de passarinho, que se não removidas podem causar o sufocamento da árvore, bem como a remoção de ervas daninhas que podem competir por nutrientes.
Sempre recomendamos o acompanhamento de um profissional da área, para que seu plantio seja bem sucedido. Para mais informações consulte o manual de Arborização disponível no seguinte link, ou o manual do município em questão.
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